domingo, 27 de junho de 2010

Para Você (Ou Sobre a Felicidade)

Talvez eu nunca tenha aprendido a felicidade. E se a aprendi, talvez a tenha esquecido. E naqueles momentos puramente alegres da minha vida, me sinto completamente nua e desprotegida – com tanto medo de sentir que a única coisa que tenho a fazer é chorar. Pois, afinal, como não chorar diante desse pequeno milagre que é a felicidade verdadeira? E a aproximação do fim dessa felicidade – não, a felicidade verdadeira não pode ser prolongada além daquilo que ela quer ser – traz uma angústia tão forte que tudo o que queremos é compartilhar nossa mente com outro alguém. E esse ato, muitas vezes confuso e mal sucedido, é nada mais do que a nossa intensa vontade de tentar prolongar aquele momento que já sabemos quase acabado e, nessa ânsia de fazer a felicidade mais longa do que ela quer ser, acabamos por perdê-la. 
Após a última gota da felicidade real, às vezes nada mais pode ser feito se não calar-se. Porque nada do que será dito irá fazer jus àquele momento tão singelo em que dois corpos, ainda quentes e ofegantes, se abraçam na madrugada e, respirando o mesmo ar um do outro, aquelas duas almas admitem-se frágeis e medrosas – e, quando muito, muito felizes – arriscam dizer palavras que, em qualquer outro momento, passariam caladas pela mente de ambos.
Pois é quando uma felicidade assim atinge alguém que ela enche de coragem até o mais tímido dos vivos. E sem cautela, mesmo sabendo do teu medo de amar, ele irá dizer que gosta de você. E na urgência daquele momento, tudo se tornará uma verdade que impera. E essa verdade vai te fazer buscar vorazmente por aquele momento de volta – embora você bem saiba que a felicidade verdadeira jamais acontece duas vezes da mesma forma. Numa tentativa vã de imitar aquele sentimento, você vai buscar novas madrugadas. Mas a verdade, a verdadeira verdade dessa felicidade é que só será madrugada de novo nos braços dele.

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