sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sincero pedido.

E durante todo esse tempo pensava que havia perdido você. Solidão seria a única solução pro meu vazio constante que buscava a cada momento um gole de anestesia, pra curar a culpa que me rondava. Enfim, me conformei.
Porém um dia, talvez o dia em que eu menos esperava, apareceu você de volta pra minha vida. E os dias que seguiram aquele foram como se nunca houvesse existido qualquer intervalo no nosso amor.
Embora feliz, não me sentia completa. Pois você, a quem eu julgava ser o meu grande amor, simplesmente não mexia comigo da mesma forma que antes. Meu coração não acelerava e eu não buscava mais curar sua dor. As coisas eram iguais, mas quase imperceptivelmente diferentes.
Foi assim que chegou nosso fim. Mútuo, consentido, sem dor e sem mágoa. Curto, polido, como se uma grande amizade tivesse chegado ao fim.
E na ausência de dor, me tornei indiferente. Pois como poderia, agora, acreditar em qualquer coisa que meu coração dizia? Esse coração que tanto se enganou a seu respeito. Passei os dias revisitando amores antigos, imaginando que ele poderia ter se enganado a respeito dos outros também.
E foi na última visita que finalmente percebi que ele, meu triste coração, nunca esteve errado. Porque sempre palpitou erraticamente no meu peito quando cheguei perto de algum desastre, mas surda, preferi não escutar. E soube todas as vezes que aquele aperto agoniado era pra me alertar, mas alienada, preferi ignorar.
Você, coração, sabia antes de mim que era tempo de se afastar. E tentando se preservar mandou mil sinais à minha racionalidade burra. E esta sim, culpada, escolhia não vê-los. Pois enquanto te ignorava tentava justificar os erros que você já tinha delatado.
Minha racionalidade, cega de orgulho, negava o óbvio daquelas relações falhas e danosas. E assim, tentando achar o que você coração tanto buscava, tentando achar o amor, ela se esquecia do que era mais fundamental. Esquecia que, para significar algo, o sentimento precisa ser direcionado à pessoa correta. E que não adiantava encontrar o cara perfeito – que iria lhe amar e fazer todas as suas vontades – se, na primeira provação, ele se mostraria covarde.
Por isso hoje, coração, eu peço desculpas por te abafar. Pois, obviamente, você já tinha a resposta deste problema muito antes de mim.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sobre a chuva.

Como eu gosto de dias chuvosos!
Parece que eles me dão a liberdade de chorar todo o meu pesar, sem que para isso eu necessite razão, afinal o mundo todo chora ao meu redor.
Gosto mais ainda quando, depois da chuva, as nuvens clareiam em um tom dourado - não nos permitindo ver o céu para que não choremos banalidades, mas nos deixando saber que o sol ainda está lá.