quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Espertos são os outros.

As redes sociais são o puro reflexo da ansiedade. Twitter, Facebook e, às vezes, até os blogs viram ferramenta da nossa necessidade de externar tudo, de imediato, ao mesmo tempo. Porque às vezes nos falha ou é simplesmente ausente o sistema de filtragem e, quando vemos, já vomitamos tudo sem analisar nada, sem dar tempo pra nada. A verdade é que fazemos isso o tempo todo, dando às redes sociais vida longa e próspera.  

Mas, veja bem, não estou dizendo que isso é culpa das redes sociais. Espertas foram elas de perceber a nossa fragilidade e nos dar um meio de colocá-la no mundo. Bombardeamos todos à nossa volta com milhares de sentimentos por dia, mares de opiniões colidindo a cada segundo. E não paramos muito tempo pra pensar antes de fazer isso – apenas deixamos vazar indiscriminadamente.

Levou um tempo e certa atenção até perceber isso, mas hoje evito falar tudo o que guardo aqui. E não foi por achar que não devemos falar – acho que a expressão nos faz mais atentos a quem somos, falei disso ontem. Mas foi por perceber que, colocando tudo tão rápido pra fora, às vezes esqueço-me de dar o tempo necessário pra processar aquilo que estou sentindo. Não é à toa que vivem dizendo que o tempo é o melhor remédio (por mais que a gente nunca acredite, eles são chamados de ditados populares por uma razão óbvia: todo mundo sabe).

E aí, quando penso nessa dualidade entre sentimento e racionalidade, sempre me vem à cabeça uma situação que acho que todo mundo já viu ou viveu na vida: a do melhor amigo instantâneo. Sabe aquela pessoa que, mal lhe conhece, já conta todos os detalhes da sua vida pra você? Enquanto você mal conseguiu dizer seu nome completo, ela já disse quais a viagens que fez, como é o sexo com o namorado, qual a falha da melhor amiga... Enfim, ela te dá tudo enquanto você ainda não deu nada, quando ainda está tateando o campo da amizade, avaliando se vale à pena agregar essa pessoa no seu círculo. Desnecessário dizer que, por vezes, isso gera um desconforto enorme. Porque, convenhamos, nem sempre queremos saber tudo o que o outro tem a dizer assim, de uma vez, tão rápido. Too much information, diriam os americanos.

Com as redes sociais, a situação é a mesma. Não é só porque o Twitter e o Facebook estão ali te dando corda que eles são seus melhores amigos. Claro, vocês podem vir a compartilhar uma grande amizade, mas isso nunca aconteceu do na instantaneidade de um segundo, não é mesmo?

4 comentários:

Valentina disse...

Gata, na boa me desculpa, não precisava ter tirado a postagem de ontem. Eu nem te conheço mas sei exatamente de quem você fala (pessoa concreta) quando fala de sentimento (amor ou sofrimento)e sei também que o cara é bem sacana contigo. As redes também têm esse compromisso social, para o bem ou para o mal.

Mayra M. disse...

Gata, não se preocupe, eu só apaguei porque vi que a interpretação do texto foi muito além daquilo que ele era.
Se você der uma olhadinha no meu arquivo ou até no meu antigo blog, vai perceber logo que eu tenho uma predileção por textos que falam de sentimentos. Mas isso não quer dizer que o texto que vc comentou trate de alguém específico. São apenas algumas memórias e muita imaginação.
De qualquer forma, fiquei curiosa pra saber de quem você está falando... Tem alguns peixes no meu aquário e nunca se sabe qual deles pode ser o fruto podre do cardume.

Valentina disse...

:)

Blog do João disse...

Conto tudo. Sou metido. haha