quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Desejando calma.

Já fazia meses que o sentimento estava ali, incomodando.
E como paixão incomoda quando não sabemos que destino dar a ela – Vitória passava horas pensando no que fazer. Desejava que ele fosse um porco, só para poder odiá-lo. Vislumbrava a possibilidade de soltar um ‘te amo’ casual na conversa, de brincadeira, pra avaliar o terreno.
Desconfiava até que o cara sabia disso, de sua paixão. Na verdade, tinha certeza. Mas como o fato dele saber veladamente não era a mesma coisa que escancarar isso na sua frente, ela seguia escolhendo cautelosamente o silêncio.
Porque o que ela queria mesmo era um destino. Um lugar pra enfiar sua paixão, tão escondido que pudesse até esquecer que a tinha deixado lá. Pois o grande problema, segundo Vitória, era que qualquer saída seria irresoluta. Porque ainda que falar o que sentia pudesse ser uma boa opção, nenhuma atitude teria resultado imediato – e a espera certamente a enlouqueceria.
E numa tentativa de driblar o tempo – seriam meses até o próximo encontro – Vitória pedia que aquela paixão incômoda fosse embora. Pedia baixinho e quase com medo de querer muito forte afinal, ainda que fosse a opção mais simples, estar apaixonada por aquele cara a fazia feliz. Mesmo que não gostasse de admitir isso, o que ela desejava mesmo era calma pra poder esperar sua paixão.

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