segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Meu sereno monstro.

As palavras – sejam elas escritas ou faladas – são o meu canal de comunicação com o universo. E, geminiana como sou, não posso viver num mundo onde elas sirvam apenas para expressar necessidades frívolas, como “me passe o pão” e “acho que hoje chove”. Sem estas preciosas palavras, eu jamais conseguiria expressar tudo que guardo aqui dentro. Seria perigoso até explodir com tanta coisa guardada!
E assim, para quem escreve, raramente escreve-se para o mundo, mas para si mesmo. Para se libertar de seus fantasmas, para amar com mais intensidade. E nesse mundo inventado pelas palavras, você não tem rosto – apenas opinião. Você não fala, se liberta. E é entrando em contanto com os nossos sentimentos mais íntimos que acabamos por nos conhecer – e também nos aceitar.
Não se trata de um relato, mas de uma experiência catártica que mais se assemelha a uma terapia silenciosa. E ali naquelas palavras, quase como mágica, às vezes muito tempo depois, você consegue reviver o mesmo sentimento que elas continham quando escritas.
E se aqui busco dividir meus pensamentos, não é por achar que sou digna de atenção. É por acreditar na premissa de qualquer um pode (e deve) se expressar. Seja uma expressão linda ou deficiente, quem se expressa tenta se conhecer. E quem consegue se olhar no espelho e entender mais do que apenas a cor de seus olhos, certamente é uma pessoa mais serena.
Pois, assim como quando lemos algo escrito por outro alguém que desperta um sentimento profundo em nós mesmos, ler as próprias palavras pode ser revelador. Só que há de se fazer tudo isso sob uma advertência: coragem. Pra aceitar não só o monstro que vive dentro de você – mas, também, aquele que vive dentro dos outros.